Como a fênix, das cinzas, Luxemburgo adota 4-2-2-2


O mundo de Luxemburgo sofreu grave abalo pós-eliminação na Copa do Brasil perante o Palmeiras. Em menos de um mês Vanderlei perambulou entre sistemas táticos sem encontrar solução que lhe agradasse. 
Luxa saiu da zona de conforto, seu 4-4-2 losango, em meio a partidas fez laboratórios, porém nenhum se firmou. Semana passada, em meio a desfalques, resolveu tomar medidas drásticas, um impensável 3-6-1 foi a campo e, como esperado, a derrota se concretizou.
Em menos de um mês, três esquemas, média de um por semana e, aparentemente, Vanderlei “achou” seu esquema e time ideal. Para surpresa de muitos, o escolhido foi 4-4-2 brasileiro. Retornou das cinzas, um esquema considerado antiquado, ineficiente, arcaico, enfim, quem o sua é considerado retrogrado e, desatualizado. Em partes há de se concordar, porém, Luxa fez algumas alterações para viabilizar o mais brasileiro dos esquemas.

Com o passar dos anos, muitos esquemas sofreram mutações e, outros derivaram, evoluíram como processo natural. Há de se ressaltar que muitas derivações e, revoluções táticas aconteceram na Europa com treinadores visionários.
O 4-4-2 brasileiro há tempos deixou de ser utilizado no velho continente, sendo assim, possíveis soluções para torna-lo viável em pleno século XXI por gênios europeus se tornou impossível, depende de nós reavaliarmos e encontrar uma possível solução para utiliza-lo. Acredito que somos únicos em utiliza-lo, ainda que raramente visto em campos tupiniquins de alto nível. Porém, a formação de jovens talentos, no Brasil, tem como base o 4-2-2-2.  Ainda hoje se utiliza tais nomenclaturas para posições como: primeiro volante, segundo volante, terceiro homem de meio campo, meia de criação, atacante de movimentação. É de nossa cultura, fixado em nossas raízes.

Setor de meio campo é por onde rondam principais discussões sobre viabilização deste jurássico esquema. Luxemburgo conseguiu formar uma meia cancha como manda o gabarito do futebol brasileiro: Futebol de bola no chão, qualidade no passe e técnico.
Chega a ser folclórico o uso das nomenclaturas, que já citei, e, usarei delas para eleger um a um o meio campo tricolor: Fernando, primeiro volante marcador e passador, difere do habitual “5” brucutu ao melhor estilo Edinho, pois é mais técnico; Souza, clássico segundo volante, realiza com eficácia papel de marcar e aparecer a frente como elemento surpresa; Zé Roberto, surpresa, atuou como legitimo terceiro homem de meio campo, em relação a Elano, atuou mais recuado, executou com maestria o que sua posição requere; Elano, meia de criação, em sua estreia não foi genial, ou nada, auxiliou defensivamente, mas foi participativo.

Flagrante tático. Grêmio postado no 4-2-2-2 com meias de pés certos.

Porque este quarteto citado acima é de suma importância para ressuscitar ou acordar este “vulcão” adormecido? Simples. O futebol moderno requer combatividade. Afinal, é no meio campo que se ganha os jogos. Há pouco tempo, o 4-2-2-2 tinha funções bem claras, volantes marcam, meias atacam. Hoje, não é aceitável ter jogadores com esta disposição.

O que difere este 4-2-2-2 dos demais? Pouco, quase nada, mas essencial para sair da UTI e, finalmente ir para um quadro mais generoso.
Com posse de bola o quadrado no meio campo segue, com pequenas alterações. Diferente de suas origens, a dupla de meias não interagi entre si, ambos preferem fazer dobradinha com lateral, Zé Roberto com Pará, Elano com Tony. Esta interação fornece um time mais espaçado e ocupando de melhor maneira os espaços do campo, não é mais um esquema compacto e extremamente centralizado. Alem disto, a posição destes meias fornece que um dos volantes faça ultrapassagem pelo centro. 

Ao defender, Luxemburgo adota esquema semelhante ao losango, para muitos se trata do mesmo, porém discordo, no losango os volantes/meias atuam em uma faixa mais adiantada na comparação ao volante central. O recuo de Zé Roberto lembra o antigo esquema e Elano centralizado confirma esta eventual duvida.

Flagrante tático. O 4-3-1-2 tricolor com Zé Roberto recompondo pela esquerda.

 Se atacando as “surpresas” foram mínimas, defendendo, não esperem nada revolucionário ou que os deixara de queixo caído, nada disto. O que difere o terceiro homem de meio campo do meia de criação? Sua capacidade de recomposição. Zé Roberto, 38 anos, esbanja vitalidade e inteligência. Atuou como coringa entre o 4-2-2-2 e 4-3-1-2 em fase defensiva. Logo que a posse de bola era perdida, Zé Roberto recuava alinhando-se com volantes, assim SETE jogadores formavam sistema defensivo. Zé Roberto compensou os poucos participativos, defensivamente, Elano, Kleber e Marcelo Moreno.

Flagrante tático. Grêmio defendendo com sete jogadores.

O coringa Zé Roberto é de suma importância para as transições defensivas e ofensivas, pois recuava para auxiliar os volantes no combate e, assumia o papel de primeiro passe de qualidade e desabafar a pressão adversária na transição ofensiva. O primeiro passe precisa ser de qualidade, pois é ele quem decide um futuro gol.

Novamente a mão de Luxa neste meio campo. Zé Roberto e Elano aturaram de pés certos – destro na direita e canhoto na esquerda – para explorar o fundo do campo junto ao lateral, porém, em certos momentos trocaram os lados. Falando em lateral, Tony esteve bem com Elano, em contrapartida, Pará sequer foi à linha de fundo, deixou Zé Roberto sem parceria e “solito”.

Flagrante tático. Postado no 4-2-2-2 Grêmio inverte meias.

Meio campo encorpado, mas ainda extremamente lento. O quarteto ofensivo não possui um jogador que destoe por arrancadas e dribles, muito pelo contrario, o estilo é posse de bola, fazer a redonda correr e apostar em Elano e Zé Roberto como garçons.
O ataque é semelhante ao meio campo. Kleber é atacante de movimentação, porém, joga de costas para o gol, faz pivô como poucos, mas carece de velocidade. Marcelo Moreno é nove clássico, centroavante não de área, pequena área. Não espere deste boliviano uma bela jogada individual, sua característica é fazer gol, mesmo se for de canela.

Luxembrugo nos surpreende com um meio campo em quadrado, em maioria com posse de bola, sem ela, o time toma forma de um 4-3-1-2. Como a fênix o 4-2-2-2 ressurge das cinzas e apresenta aos descrentes uma possivel solução defensiva, é ver para crer. É uma sobrevida a este esquema, será novamente o canto do cisne?

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