Archive for julho 2012

O "clássico" 3-5-2 de Ney Franco


O embate deste domingo entre São Paulo e Flamengo fala por si só, dois grandes clubes do futebol brasileiro e duas peculiaridades, Dorival Junior assumindo o comando do Flamengo e Rogério Ceni voltando à meta do São Paulo.

O 3-5-2 implantado por Ney Franco ao São Paulo não chega ser cultural, mesmo que muitos julgam ser, discordo, este esquema tático possui grande relevância nos anos 2000 com Muricy Ramalho por se tornar vencedor.
Independente do esquema, um time precisa, obrigatoriamente, ter seu estilo, ou seja, o treinador definir sua estratégia de jogo e jogadores a executarem, parece simples, só parece.

Mera especulação. Juvenal Juvêncio, presidente do São Paulo, manda e desmanda no clube, nada de anormal, mas, admite dar “pitacos/instruções” ao treinador para o bem o time.
Ney Franco assumiu o São Paulo e logo determinou o losango como seu esquema, com o passar dos jogos, o 4-4-2 deu lugar ao 3-5-2.

É um 3-5-2? Sim, mas vamos dividi-lo em quatro linhas, pois Jadson não encaixa na segunda linha. Defendendo e atacando, o time mantém o 3-4-1-2, uma pequena variação aqui, outra ali, mas nada que possamos confirmar com clareza.

Flagrante tático. São Paulo postado no 3-4-1-2.

Não podemos esperar nada de inovador do esquema de Ney Franco. O 3-5-2, ainda mais o brasileiro, possui características claras e impossíveis de contrariar. A marcação é individual, o famoso, “cada um pega o seu”, tendo setores – meio e defesa – com sobra. O libero, Rafael Tolói, foi sobra dos zagueiros Rhodolfo e João Felipe, por vezes atuou como libero original – saindo de trás e compondo meio campo -, mas esporadicamente. Disse que este esquema não inovou em nada, quem sabe inventou, pois, o normal do 3-5-2 e jogar pelos flancos e com criação descentralizada - jogadas se articulam de forma coletiva, geralmente pelos lados -, porém, o tricolor demonstrou grandes dificuldades em articular e sair jogando pelos flancos.

Flagrante tático. São Paulo marcando individual por setor e Tolói a sobra como um pendulo entre defesa e meio campo.

A criação descentralizada beneficiou o estilo de jogo de Jadson. O numero “1”, não recuava para organizar, ate por suas características, tinha instruções de interagir com os avantes Ademilson e Luis Fabiano, por vezes, inverteu com Ademilson – Jadson no ataque e Ademilson no meio.
Com Jadson interagindo com homens de frente, o equipe do São Paulo sempre tinha, pelo menos, três homens no campo adversário. A presença dos alas era constante, mas de forma alternada. Atacar defendendo, este o lema de Ney Franco, pois o time mantém uma estrutura ao defender: três zagueiros, Denilson e ala que não apoiou. O equilíbrio fica evidente com cinco homens atacando e cinco defendendo.

Flagrante tático. Inversão entre Jádson e Ademilson.

Transição defensiva – momento, instante em que a posse de bola é perdida – é com jogadores mais próximos a bola marcando sob meia pressão – não dando o bote para abrir espaço – e garantindo que lado oposto à bola possa recompor e posicionar-se defensivamente. O intuito era de não levar contra-ataque.
Posicionamento defensivo com time recuado no campo de defesa ou em posição intermediaria e, basculando no sentido da bola, ou seja, ocupando e preenchendo o espaço com o maior numero de jogadores possíveis para equilibrar a “inferioridade” numérica no meio campo – sim, inferioridade, pois alas tinham carência na marcação e não apareciam por dentro. Lado em que a bola se encontrava marcava e fechava espaços, lado oposto recuava e fornecia balanço defensivo – aprontos quando adversário virava o jogo ou empurrando zagueiros para sobra.

Flagrante tático. São Paulo postado no 3-4-1-2 compacto e basculando do centro para direita e ocupando com superioridade numérica uma pequena parte do campo.

Marcação individual por setor e sempre por meia pressão, a não ser tridente de zagueiros que pressionavam quem estava com posse de bola. Alias, Rhodolfo-Tolói-João Felipe tinham “apenas” de marcar Vagner Love. A marcação ficou facilitada por ter apenas um homem, então, onde Love caísse, um dos zagueiros o marcava individualmente com dois jogadores na sobra, ou, um encostava em Love, outro no lado em que a jogada estava a desenrolar e o ultimo na sobra.

Curiosidade

Rogério Ceni ditava o ritmo do jogo quando a transição saía de seus pés, seja por recuo ou tiros de meta. O goleiro não quebrava a bola sem sentido, as lançava, mas nunca balão à frente. Além de lançamentos, o goleiro fazia 2x1 contra atacantes com seus zagueiros.

Capitão e treinador em campo. Rogério organizava seu time em campo e passava tranquilidade ao começar a transição com bola no chão.

Além de Ceni organizando, outra peculiaridade deste esquema. Alas centralizando o jogo e não usando a linha de fundo. Ora, dois alas de pés certos – destro na direita, canhoto na esquerda – não exploraram as flancos, ficaram sempre no mano com laterais e ainda assim preferiam o centro, esta decisão se complica pelo fato de ter dois atacantes de boa estatura na área.

A grande vitoria do São Paulo passou pelos pés de seus atacantes. A equipe de Dorival Junior não soube formar sobra defensiva contra os atacantes tricolores. Dorival preferiu que seus laterais batessem de frente contra os alas São Paulinos e assim os zagueiros ficavam mano-a-mano com atacantes. Deixar zagueiros no mano contra Luis Fabiano é falta de cautela ao extremo, Dorival pagou para ver e sofreu.

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Vasco 1 x 0 Botafogo: No duelo entre craques veteranos, melhor para a efetiva equipe cruzmaltina.


Analise de @rasangui do blog Taticamente Falando

















Nesta quarta, Vasco e Botafogo jogaram pela 12ª rodada do Brasileitão, num clássico de dois veteranos em campo com talento inquestionável. Seedorf, no Botafogo e Juninho, no Vasco. O jogo foi movimentado, mas só foi decidido nos últimos minutos da partida, onde os Vascaínos levaram a melhor com gol de Alecsandro, em grande jogada do veterano meia Vascaíno.

Já o holandês, em seu segundo jogo pelo Alvinegro, mostrou-se mais a vontade que na estréia, um pouco mais recuado, discreto, mas distribuindo passes precisos e ajudando os companheiros a se posicionarem melhor em campo, mostrando liderança técnica. A estratégia inicial do Botafogo era concentrar o jogo na esquerda e inverter pra pegar o Vasco desprevenido, e assim Seedorf sempre clareando as jogadas com seus passes e lançamentos para a direita, porém  o fogo era mais travado ofensivamente, faltando mais variação e inspiração.

Andrezinho e Seedorf juntos no inédito 4-3-1-2 do Botafogo. Vasco no 4-2-3-1 de sempre, mas com Felipe no banco, e Carlos Alberto titular. O time perdia desperdiçava oportunidades, porém ganhou o meio campo a partir dos 30 do primeiro tempo. Dessa maneira, o fogo seguia na tentativa de jogar com velocidade com Seedorf caindo pela esquerda pra fazer a dobradinha com Márcio Azevedo, procurando aproveitar os espaços nas costas do lateral Auremir que é um bom jogador defensivamente mas ofensivamente faz os vascaínos sentirem a falta de Fagner.

A melhor chance do primeiro tempo foi do Vasco: Carlos Alberto entortou Lucas e Azevedo e chutou rasteiro. A bola carimbou a trave de Jefferson.

No segundo tempo Botafogo voltou com Jadson na vaga de Lucas Zen. Nada demais, apenas volante por volante. Jogo seguia em ritmo intenso, com poucos erros das equipes, e boa compactação entre os setores. Faltava ao Botafogo pressionar mais o Vasco e talvez por isso Seedorf passou a jogar mais recuado, como primeiro volante, dando variação para o 4-2-3-1, mas Elkeson ficou muito isolado e tinha dificuldade em aproveitar as manobras ofensivas da equipe de general Severiano.

Cristovão cobrou muito da parte tática de Carlos Alberto, que jogou bem, mas foi substituído por Felipe, que entrou bem, enquanto Wendel sentiu e foi substituído por Felipe Bastos, um jogador mais pesado e lento, mas com bom arremate.

Aos 28 minutos muita disputa e correria, com as duas equipes mais exaustas e apresentando pouco futebol: Márcio Azevedo estica pra Elkeson mas Prass chegou antes na bola. Seedorf cansou, foi substituído por Fellype Gabriel. Claramente o Holandês ainda precisa se adaptar ao Futebol Brasileiro, mas fez boa partida, e o fogo ainda teve bela oportunidade aos 34 minutos quando Felipe Bastos perdeu a bola para Fellype Gabriel que mandou o chute por cima. Rafael Marques substituiu Elkeson.

Com as mudanças, Vasco foi mais efetivo e ofensivamente mostrou ser melhor que Fogão: W.Barbio entrou na vaga do extenuado Eder Luís e aos 41 minutos, o Vasco marcou o gol que definiu o resultado do clássico: Juninho Pernambucano brigou pela bola na área e,  mesmo caído, conseguiu rolar para Alecsandro, livre, levantar a torcida cruzmaltina presente no Engenhão: 1 x 0. Foi o 8º gol do atacante que obrigou o fogão partir para o desespero, mostrando que ainda falta algo pra ter regularidade, pois já são 2 derrotas consecutivas, mas já era tarde e o Vasco garante a quarta vitória consecutiva e dorme na liderança do campeonato.

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A estreia de Fernandão no comando do Internacional



Uma nova perspectiva ao Internacional. Uma bruta mudança no comando técnico. Sai o “ofensivista” Dorival Junior e sua comissão técnica. Entra o ídolo Fernadão, o novo técnico abandonou a cartola e agora comanda o time a beira do gramado. Fernandão já da pistas de como será seu estilo e proposta de jogo, ele garante estar baseado em seus antigos treinadores: Abel Braga, Muricy Ramalho e Alain Perrin, com quem trabalhou no Olympique de Marselha.  Fernandão ainda cita duas referencias internacionais: o português AndréVillas-Boas que, despontou no Porto e, Leonardo, que, no Milan, fez carreira como jogador, diretor e treinador.

Fernandão quer resgatar o estilo de jogo do próprio Inter que ficou perdido pós Mundial de 2006: a marcação sob-pressão e um time com saídas rápidas ao ataque.
O ídolo e agora treinador cita o que esperar de sua equipe dentro das quatro linhas:

- Tenho a vantagem de conhecer o estilo gaucho. Sei como a torcida gosta do time atuando, Quero um time marcando forte e partindo para frente, que faça a torcida assistir ao jogo de pé. – assegurou Fernandão ao jornal Zero Hora.

É um novo Inter em campo. Ao observar a escalação colorada fica notável que Fernandão prima por um time que saiba defender. Nada de surpreendente após o treinador citar suas referencias e espelhos a seguir em seu novo desafio. A escola de Fernandão é formada por bons treinadores com características claras e facilmente esmiuçadas: Muricy Ramalho presa por um time que saiba defender, atacar é colocado em segundo plano, espero que Fernandão absorva qualidades defensivas de Muricy; Abel Braga é ofensivo de carteirinha e comandou o principal triunfo colorado com Fernandão de jogador; Alain Perrin, treinador formador de grupos e com sucesso ao levar clube da terceira divisão para elite do futebol francês.

Antes da bola rolar, Fernandão já havia dito como sua equipe iria se posicionar defensivamente:

- Atacantes recompondo menos, por isso escalação dos três volantes. Volantes darão mais liberdade para laterais apoiarem.

De fato o Inter jogou desta forma, não somente com laterais soltos, mas também com os próprios volantes aparecendo à frente. Comprovado também a maneira do Inter defender ao deixar o Atlético trocar passes e marcar quando o adversário passava da linha de meio campo.

Fernandão utilizou o 4-4-2 losango em sua primeira partida. Decifrando o losango: Primeira linha de defesa formada por quatro jogadores – dois zagueiros e dois laterais; Ygor como primeiro vértice deste losango; Guiñazu e Elton os “carrilleros” pelos lados; Fred ponta de lanço; no ataque Jajá e Dagoberto.
Fred como ponta-de-lança, naturalmente, não foi articulador, mas sim um meia que aproxima dos atacantes e flutua caindo pelos lados, o Inter atuou com criação descentralizada, ou seja, as jogadas se articulam de forma coletiva, geralmente pelos lados – na esquerda, com Fabricio, Guiñazu e Jajá; e na direita com Edson Ratinho – esporadicamente – , Elton e Fred.

Flagrante tático. Inter no 4-4-2 losango.

Clássico do losango, os volantes-meias pelos lados precisam ser versáteis, pois, quando necessário, recuam alinhando-se ao primeiro volante do vértice e, atacando, ultrapassam o “enganche” do time. Guiñazu e Elton cumpriram esta função que lhes foi dada. Em diversas oportunidades os carrilleros estiveram à frente, um exemplo claro foi o gol de Elton: Dagoberto saiu da área, abriu espaço, Elton avançou, adentrou na grande área, recebeu lançamento e chutou na saída do goleiro.

Sem ter um criador nato o Inter penou na primeira etapa. Triangulações eram formadas com o avanço do lateral, volante-meia passando por dentro e , Jajá ou Fred fechando. O problema era que Jajá ao recuar pela esquerda isolava Dagoberto pelo centro. Alem disto, o Inter viciou na esquerda e, como se fosse um movimento natural, os três jogadores ocupam a mesma faixa de campo, assim, impossibilitando ou dificultando avanços.
Alias, Jajá durante primeiro tempo foi um “doble enganche”, pois, Fred pendia mais a direita e Jajá fechava pela esquerda. Para não deixar Dagoberto “solito”, Fernandão puxou Fred para esquerda e devolveu Jajá a seu habitat natural.

Flagrante tático. Triangulação habitual do losango pela direita.



Flagrante tático. Triangulação de maior presença pela esquerda.

Transição ofensiva com inicio desde o campo defensiva começa por tripé de volantes, estes ditam o ritmo da partida. Fred o ponta-de-lança, não recua para organizar, destoa do losango e aproxima dos atacantes. 
Em posicionamento ofensivo o Inter adianta suas linhas, agrupa jogadores no campo do adversário e passa a jogar pelos flancos do campo. A passagem do lateral e dobradinha com volante, torna o Inter ofensivo, porém, mesmo adiantando as linhas, os zagueiros não aproximam do meio campo e deixam um espaço entre meio-defesa, este vazio dificulta a recomposição, já que o Inter, em boa parte do jogo, preferiu recuar e agrupar ao invés de marcar a frente.

Novamente, em posicionamento ofensivo, o Inter trabalhou com sobra perante os dois atacantes do Atlético. Quando um lateral passava, o outro recuava e formava sobra defensiva com os zagueiros: lateral - sobra - zagueiro. A frente da sobra defensiva ficava o volante Ygor que, inicialmente defendia pelo centro, mas, dependendo da necessidade, cobria e pendia aos flancos.

Flagrante tático. Inter no 4-4-2 losango basculando para esquerda e formando sobra defensiva.

Inter penou no primeiro tempo pelo excesso de passes errados e ocupação de espaços  de forma equivocada. Não há como qualquer equipe brilhar com passes errados em demasia. Algo tinha de ser feito para dar outra cara ao Inter na segunda etapa, Fernandão não titubeou e mudou.

O dedo de Fernandão

Retratação: Estou tendo a oportunidade me profissionalizar como treinador de futebol e, neste oportunidade, tenho como colega Fernandão, atual treinador do Inter.
Me valendo desta oportunidade e tendo uma duvida, pude pergunta-lo qual era o esquema do segundo tempo contra o Atlético. O mesmo me confidenciou que manteve o losango, mas liberando o Fred e, jogando com o meia mais próximo do ataque do que da defesa.
Portanto, faço minha retificação, o Inter não jogou em duas linhas. Fernandão me explicou também que Otavio recuava fechando passagem do lateral, mas não mantinha posicionamento de meia pelo lado.


Com primeiro tempo discreto e empate imperante frente ao lanterna do campeonato brasileiro, Fernandão resolveu mudar logo no intervalo. Fernandão manteve o esquema, Osvaldo em campo e Inter com maior presença ofensiva.

Ao colocar Osvaldo, Fernandão tirou o apagado Edson Ratinho. Ressalto que este lateral direito pouco foi à frente e, consequentemente, Inter pendia para o lado esquerdo, além disto, a boa participação de Elton no primeiro tempo forçou uma mudança mais "radical".
Com mudança Elton passou a ser o lateral direito. Uma clara e evidente resposta ao ofensivo Eron que jogava sempre as costas de Ratinho e causando problemas ao setor defensivo. 

Flagrante tático. Inter postado em duas linhas de quatro com Fred recuando e auxiliando Elton no combate.

Fred compos meio campo como carrillero pelo lado direito, recuava com afinco e se tornava um segundo lateral pela direita, auxiliando Elton no combate e, agora ele, Fred, atacando e comparecendo as costas de Eron. Guiñazu ficava mais plantado para dar maior liberdade a Fred avançar. O gringo garantia o avanço de Fred sem comprometer o sistema defensivo.
Portanto, o 4-4-2 losango foi mantido.

Flagrante tático. Inter no 4-4-2 losango com Bolivar saindo a caça e Índio na sobra.

O dedo de Fernandão foi como passe de mágica. Antes de qualquer analise, o Inter já marcava o 2x1. Fabrício em jogada de profundidade cruzou para Dagoberto, antecipar e marcar.
Além de, melhorar seu setor defensivo, o Inter passou a lidar melhor com as movimentações ofensivas com esta nova formação.
Quem precisava do empate era o Atletico-GO e este foi a frente, mas deixava espaços para contragolpes e, Fred, espertamente armou um belo contra-ataque, lançou Jájá e este marcou.

O time goiano foi para o tudo ou nada. Empilhou jogadores de frente, cedeu ainda mais espaços ao Inter e, inevitavelmente, levou o quarto gol que selou a goleada colorada. Fred fez fila na defesa do Atlético, entrou na área e finalizou no canto do goleiro, sem chances. O ultimo prego do caixão estava pregada.

Fernandão estreou com vitoria contundente. O primeiro passo foi dado, com o pé direito e convencendo seu torcedor que a escolha por Fernandão foi coerente.

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Inspirado por britânicos, Mano adere ao 4-4-2


Jogos Olímpicos em Londres, amistoso contra Grã-Bretanha. Mano sentiu o clima e inovou ao lançar o Brasil em um 4-4-2 tipicamente inglês. Um teste valido, afinal, defrontamos os reis do 4-4-2 em duas linhas, os britânicos.

Brasil e Grã-Bretanha protagonizaram um jogo COMPLETAMENTE amistoso. Intensidade baixa, muitas substituições, ninguém jogando pela vida, enfim, amistoso.
Mesmo tratando-se de um amistoso, há peculiaridades que possuem grande relevância. A começar pela surpresa que Mano nos propiciou. Em fase defensiva, seja pressionando a frente ou baixando o bloco, agrupando jogadores, o Brasil apresentou um 4-4-2 britânico.
Deixamos o 4-2-3-1 de lado? Não, muito pelo contrario, esta mais consolidado do que nunca.

Porque duas linhas? Naturalmente o primeiro pensamento de um treinador é não levar gol, para isto, é preciso adequar o esquema com os jogadores que se tem em mãos. Mano Menezes possui dois jogadores, Hulk e Oscar, acostumados a jogar pelo flanco e serem solícitos a marcação quando necessário. Neymar é a namoradinha do Brasil, cronistas crucificaram Mano Menezes caso colocasse função defensiva no camisa 11, pois, no Brasil “craque não marca”. Portanto, Neymar alinha-se a Damião e cerca saída de bola adversária.

Flagrante tático. Brasil no 4-4-2 em duas linhas. Bloco médio.

Mano atribuiu o 4-4-2 em duas linhas ao defender. Diferente de outras partidas, os wingers recuavam e acompanhavam o lateral como manda o gabarito. Devo ressaltar que este 4-4-2 este presente com seleção jogando em bloco baixo – defendendo em seu campo -, bloco alto – pressionando saída do adversário.
Os wingers atuaram preferencialmente de pés certos – destro na direita, canhoto na esquerda -, esporadicamente aconteceu uma inversão entre eles.
A troca, movimentação mais constante foi entre Leandro Damião e Neymar. Curiosamente Leandro Damião foi mais solicito que Neymar na recomposição.
Quando a seleção da Grã-Bretanha adentrava no campo do Brasil, a seleção baixava seu bloco, formava as duas linhas com pouco espaçamento entre elas e deixava Neymar e Leandro Damião mais a frente, soltos para receber lançamentos.

Flagrante tático. Brasil postado no 4-4-2 em bloco baixo sem atacantes participando defensivamente.

Com posse de bola o 4-2-3-1 tomava forma mais clara, ainda que, sem posições definidas. Logo que a seleção tomava posse da bola, Leandro Damião avançava, Neymar mantinha-se no meio campo para “organizar”. Outra peculiaridade. Neymar não foi winger. A joia santista atuou centralizado e flutuando pelas faixas do campo.
Com posse de bola o 4-2-3-1 impera. A movimentação dos três meias é essencial, esteve presente, mas de forma acanhada. Com Hulk na esquerda, o Brasil fica verde. Hulk não tem cacoete de jogar acelerando a linha de fundo, sua característica é muito clara, cortar e chutar.
Neymar pelo centro é uma bela tentativa de redescobrir o garoto. A ponta, canto, palmo esquerdo de campo estava tornando inerte a principal figura brasileira.
Oscar, semelhante a Hulk, esteve acanhado e ficou devendo. A desculpa não é sua posição, ele atua desta forma no Inter, winger pela direita, mas fica evidente que centralizado rende de melhor forma, tanto recuando e organizando, quanto avançando para comandar a pressão no adversário.

Flagrante tático. Brasil postado no 4-2-3-1.

Transição ofensiva é clara. Brasil assegura que primeiro passe vá para algum lugar do campo em que não será pressionado e a partir dele algo comece a ser tramado algo. O contra-ataque é deixado de lado. Lançamentos à frente só em condições claras e caindo de maduro.
Posicionamento ofensivo é semelhante a outras seleções brasileiras. Passe curto, paciente, rodando, procurando o melhor momento para infiltrar. O bloco adianta-se, zagueiros passam a jogar sobre a linha de meio campo, mas não a evolução da bola. Jogadores adiantam-se, mas a bola continua em faixa intermediaria. O recuo de Neymar e Oscar para abrir espaço foi sem êxito.

Sem espaço

Perante a movimentação, sem bola, apresentada pela seleção brasileira, fica ainda mais evidente que Ganso será banco de Oscar/Hulk. O quarteto ofensivo movimenta-se de tal forma que todos estiveram presentes em diversas posições no meio campo.
A inércia presente em Ganso não casa com a proposta de jogo apresentada pela seleção brasileira e, requerida por Mano Menezes.

Flagrante tático. Brasil defendendo no 4-2-3-1 com Damião compondo meio e Neymar de atacante.

Por diversos momentos a seleção adianta seu bloco, pressiona saída de bola adversária e a força a: recuar ate o goleiro e este quebrar à frente; desarmar no campo do adversário e contra-atacar já no campo do adversário. Com Ganso esta marcação estaria capenga, pois ela necessita do quarteto ofensivo marcando, cercando adiantado. 

Flagrante tático. Brasil no 4-2-3-1. Observem: Neymar como winger pela esquerda; Oscar winger pela direita; Damião como meia central; Hulk o referencial.

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A retranca pernambucana


Não me levem a mal ao descrever o estilo de jogo adotado pelo Sport no estádio Olímpico. Primar por se defender não é um defeito, muito pelo contrario, uma grande virtude. Já diz o ditado: “Bom ataques ganham jogos, boas defesas ganham campeonatos”.
Um exemplo claro de um time bem postado defensivamente é o Chelsea, o time inglês sagrou-se campeão contra o todo poderoso Barcelona propondo um estilo de jogo pouco atrativo, mas vencedor dentro das quatro linhas.

Vagner Mancini armou um verdadeiro ferrolho defensivo, de dar inveja às cortinas de ferro europeias. Vagner conseguiu um feito louvável, o treinador fez com que NOVE de seus DEZ homens de linha defendessem atrás da linha da bola, neutralizando o adversário e controlando suas investidas.

O esquema adotado pelo treinador foi outra peculiaridade. Não apenas do Sport, mas, se não foi todos, confesso que a maioria atua de uma maneira atacando e outra defendendo. A globalização atingindo o futebol. Com o Sport este fato não é diferente.
Após conversar com o analista de desempenho do Sport, Thiago Duarte, este mesmo me confidenciou que a equipe pernambucana atua entre dois esquemas: 4-3-2-1 e 4-3-1-2 dependendo de como o adversário esta postado. Vou mais alem. O Leão da Ilha agrupa jogadores em seu campo e parti do 4-3-2-1, mas ao encurtar o espaço do campo o esquema toma forma de 4-1-4-1 com meias alinhando-se aos volantes. 

Flagrante tático. Sport postado no 4-1-4-1. Reparem que Marquinhos Gabriel recua e passa da linha dos volantes quase alinhando-se a primeira linha defensiva.

Atacando o 4-3-1-2 toma forma, mas lembra muito o 4-3-3, pois Felipe Azevedo, prefere cair pelos flancos e Marquinhos Gabriel idem. Não a figura de um organizador central, um articulador. A equipe joga em constante transição. Ou seja, baixa o bloco para se defender antevendo uma saída rápida. Joga contra-atacando.

Flagrante tático. Sport postado no 4-3-1-2. Basculando para o lado em que a bola se encontra, time todo do centro para direita.

Naturalmente irei começar transcrevendo este Sport pela defesa. O time recua, agrupa jogadores em seu campo e reduz o campo de ação do adversário. A prioridade do time é fechar o centro do campo e povoar a faixa central. Há três jogadores que possui esta incumbência, o tripé de volantes: Tobi, primeiro volante postado entre as linhas, um típico “limpador de para-brisas”, camisa 5; Renan volante pelo lado esquerdo; Rithely volante pelo lado direito, do tripé, é quem tem maior liberdade para ir a frente. Estes três formam um ferrolho e guarnecem a entrada da área. Renan e Rithely perseguiam os meias Elano e Zé Roberto para não deixa-los criar, recuavam e avançavam não deixando os meias sozinhos, Tobi ficava na sobra.
Pelos lados do campo Felipe Azevedo e Marquinhos Gabriel recuavam acompanhando o lateral e não deixando seu companheiro no mano a mano. O único sem função defensiva era Gilberto, o centroavante recuava, mas pouco se esforçava.

Estilo de jogo do Sport era claro como as águas do Caribe. Deixar os zagueiros do Grêmio “criar”, ocupar espaços e sair no erro do tricolor.
Ofensivamente o Sport ficou devendo. O time “achou” um gol, mas não contava sofrer três. Claramente o time carece de maior poder de fogo. Para ter uma ideia da capacidade de criação do Sport: UMA bola alçada na área do Grêmio, apenas uma, mas com aproveitamento de 100%, pois nesta única oportunidade o Sport marcou.
O único centroavante do Sport teve péssima noite. Gilberto naufragou entre os zagueiros Vilson e Gilberto Silva, nada conseguiu ofensivamente.
O esquema com posse de bola era semelhante ao 4-3-3, pois Marquinhos e Felipe Azevedo avançavam pelos flancos e aproximavam-se a Gilberto.

Nas poucas vezes que foi a frente o Sport atacava com laterais apoiando alternadamente, o lateral do lado oposto basculava e formava sobre defensiva junto aos zagueiros, assim formava-se uma sobra defensiva.
Novamente a basculação. Para fechar espaços e não ceder espaço ao Grêmio, o Leão da Ilha basculava no sentido da bola. O time pendia para um lado, cercava a bola e diminuía o raio de ação do Grêmio.

Flagrante tático. Sport no 4-1-4-1 com time basculando do centro para esquerda.

Surpresa

Durante toda primeira etapa e inicio do segundo tempo o Sport conseguiu neutralizar o Grêmio com méritos. A marcação no campo defensivo, ocupação de espaços surtiu efeito e por pouco não aprontou no estádio Olímpico.

Qual a surpresa preparada por Luxemburgo a Vagner Mancini? Leandro. Um jovem atacante, cria do Grêmio. Luxa saiu do 4-2-2-2 e partiu para o 4-3-3 com triangulo de base alta. Com mudança de esquema, jogador de velocidade, o tricolor passou a ter vitoria pessoal para quebrar a marcação do Sport.

O abafa tricolor surtiu efeito. O time pernambucano não conseguiu seguras as pontas e cedeu. Felipe Azevedo já não auxiliava o setor de meio campo com tanto afinco e sobrecarregava um dos flancos. Aos poucos o Grêmio conseguiu furar o bloqueio defensivo armado por Vagner Mancini.
Aparentemente a defesa do Sport demonstrou carências ao se defrontar com jogadores dribladores, caso de Leandro e, surpreendentemente, Elano. Outra suposição é o desgaste físico. A equipe de Vagner Mancini passou os 90 minutos correndo atrás da bola, não havia retenção ofensiva. É de conhecimento geral que, quem possui a bola corre menos.

O Sport me surpreendeu defensivamente, porém, ofensivamente ficou devendo. O 4-1-4-1 surpreendeu a todos pela capacidade de jogadores versáteis e comprando a ideia do treinador. Ao Sport falta organizar seus movimentos ofensivos, quem sabe com: Felipe Menezes, Cicinho e Hugo o time crie alternativas.

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Análise tática – Atlético Mineiro 3 x 1 Internacional. Ausência de centroavantes


Nesta noite de quarta-feira, Atlético Mineiro e Internacional protagonizaram um embate, inicialmente esperado como grande jogo, mas com o passar dos minutos se demonstrou um jogo morno, apenas dos quatro gols. 
O líder Atlético confirmou seu favoritismo e passou sem pedir licença, venceu, em partes, tranquilamente.
Não podemos massacrar Dorival Junior. O treinador conta com inúmeros desfalques, para piorar, D’Alessandro foi expulso ainda no primeiro tempo e complicou a partida.

Ambas as equipes sem surpresas. Atlético e Inter espelhados no 4-2-3-1, mas não encaixados. Como era esperado o Atlético logo tomou a iniciativa e quem assumia a proposta de jogo. O Inter por sua vez espreitava melhores momentos para atacar, preferia jogadas em contra-ataque.

Diagrama tático. Atlético postado no 4-2-3-1 com Danilinho pela direita recuando. Inter no 4-2-3-1 com wingers recuando e Dagoberto alinhando a D'Alessandro.

Como citei acima, nada de inovador. Cuca armou sua equipe no já esperado 4-2-3-1 com pequena variação para o 4-3-1-2. Esta variação acontecia pelo fato de Danilinho recompor meio campo com maior afinco que Bernard e Ronaldinho. O tridente ofensivo se formava com Ronaldinho na ponta de lança e Bernard alinhado a Guilherme.

A exemplo de Cuca, Dorival não mexeu na estrutura de sua equipe. Novamente, bem como Cuca, o Inter possui uma variação na sua forma de defender. O colorado recua suas linhas, marca em seu campo, mas o 4-2-3-1 se desfaz, da seguinte maneira: os wingers Osvaldo e Lucas Lima alinham-se aos volantes; Dagoberto recua alinhando-se a D’Alessandro na linha central de meio campo e forma-se um 4-4-2 em duas linhas.

Flagrante tático. Inter no 4-4-2 em duas linhas com wingers recuados e Dagoberto e D'Alessandro alinhados.

Naturalmente irei comentar o Inter defendendo, até porque, o colorado esteve durante boa parte do primeiro tempo sem posse de bola.
Pois bem. Os laterais colorados batiam de frente com os wingers do Galo, para não acontecer o 2x1, os wingers Osvaldo e Lucas Lima recuavam acompanhando os laterais. D’Alessandro e Dagoberto atuavam lado a lado, fechavam o centro do campo e não dava opção de passe a frente. Elton o volante mais plantado e rondando Ronaldinho e Guiñazu solto para dar combates e botes. Dupla de zaga foi um fato curioso. Guilherme não é centroavante de referencia, incialmente, encontrou dificuldade, mas com o passar do tempo conseguiu sair da marcação e abrir espaços para quem vinha de trás. Com movimentação de Guilherme, Bolivar e Indio não sabiam se deveriam sair a “caça” ou esperar.

O colorado preferia recuar e agrupar em seu campo. Apenas em um momento o time foi a frente pressionar, ressalto que obteve sucesso ao recuperar posse da bola, mas logo a devolveu ao Atlético. Marcação do Inter era agressivo quando Galo adentrava em seu campo.

Ao falar do Inter defendendo, muito já falei do Galo atacando, mas ainda há algo a complementar. Notoriamente o time sentiu falta de seu centroavante, Jô. A troca de passes não encontrava a figura de um grandalhão a frente para fazer pivô, colocar a bola no chão e aguardar companheiros avançarem, Guilherme não é este jogador. Em contrapartida, o 4-2-3-1 requer um time mais leve, com intensa movimentação e troca de posições. Isto Guilherme contribui. O falso-9 trocava de posição com o apagado Ronaldinho, flutuava frente os zagueiros e as costas dos volantes. Porém, Guilherme era pouco municiado, muito se deve pela noite apagada de Ronaldo.

Os flancos. Bernard poderia ser coroado como rei destes pedaços de campo. O camisa 11 deitou e rolou, na partida como um todo. A dobradinha com Junior Cesar pela esquerda é mortal. As diagonais, jogo objetivo, dribles, lembram o velho ponta.
Por outro lado, Danilinho é velocista e solicito a recomposição do time. Recua como poucos e auxilia no combate, é o coringa entre esquemas.

Alguns fatos, curiosamente, presente em ambos os times. Não possuem figura do centroavante. Guilherme atuou como um falso-9 ou centroavante de movimentação. Dagoberto ficou devendo. O único atacante colorado não apareceu, o estilo de jogo colorado prejudicou ainda mais o camisa 20. Indio e Bolivar quebravam a bola a frente e Dagoberto tinha que se virar contra Leonardo Silva e Rever, por sinal, Rever muito bem.

Novamente ambiguidade. Retenção de bola ofensiva. Pela ausência de um grandalhão a frente, os miúdos Dagoberto e Guilherme penaram quando tentaram jogar de costas, não é a deles. O bate-volta foi inevitável.

A zona de controle de ambos os times. Igualitariamente Inter e Atlético se anulavam nas mesmas zonas de campo, entre a linha de meio campo e zona dos volantes, se preferirem, os três quartos do campo. O Inter propiciava este jogo por recuar e agrupar. O Galo por marcar pressionando e contar com inúmeros passes errados de seu adversário.

Para ter noção do poderia ofensivo colorado na primeira etapa. ZERO chutes , isso mesmo nada. Falo em números gerais, tanto no "alvo" como pela linha de fundo.

A mudança

D’Alessandro perde a cabeça. O gringo faz falta desnecessária, no campo do adversário. Recebe cartão amarelo, “peita” o arbitro e recebe segundo cartão amarelo. Expulso o camisa 10 colorado. Em partes com razão, pois deu chance ao erro.

Com um a menos, Dorival armou sua equipe no 4-4-1 ou se preferirem, 4-2-3-0. Dagoberto passou a figurar ainda mais no setor de meio campo, não como articulador, mas sim como um atacante que recua para compor e avança para ser o único atacante. Os meninos, Lucas Lima e Osvaldo seguiram pelos flancos recuando e acompanhando o lateral.

Sabiamente o Atlético soube aproveitar o momento de instabilidade do Inter e foi à frente. No final do primeiro tempo, em frequente movimentação de Guilherme o gol saiu. O “centroavante” do Galo saiu da área, ninguém o acompanhou, Ronaldinho tocou e, em belo chute, Guilherme marcou.

Segundo tempo

Ainda com resquícios do primeiro tempo. O estilo de jogo de ambas as equipes seguia. Porém, com Inter mais cauteloso e aumentando a intensidade e jogadores solícitos e correndo por dois. O Atlético amornando o jogo, segurando sua vantagem e, sem correr riscos, esperava para atacar no melhor momento.

Ainda no intervalo Dorival mudou. Saíram os apagados Dagoberto e Lucas Lima para entrada de Jajá e Fred, respectivamente. Acredito que o esquema adotado foi o 4-2-3-0 sem ninguém no ataque.
O essencial para que o Inter tivesse alguma chance foi feito. Intensa movimentação do tridente Fred-Jajá-Otavio, alternando quem seria o mais agudo. Além disto, todos se doavam para diminuir a vantagem mineira.

Diagrama tático. Inter pós expulsão com mudanças para segunda etapa. Esquema entre 4-2-3-0 e 4-2-2-1.

A exemplo do primeiro tempo, o Galo foi ainda mais paciente. A troca de passes, por muitos momentos, não foi objetiva ou à frente. A seca de passes em profundidade foi tamanha que Guilherme e Ronaldinho sumiram da partida. O gaucho tinha que recuar, aproximar-se dos volantes para receber a redonda. Guilherme sucumbiu entre zagueiros colorados.

O Inter por sua vez prendia seus laterais, novamente, como fez no primeiro tempo. A troca de passes era ainda mais acelerada e, consequentemente, os erros mais inevitáveis. Afobação durante boa parte da segunda etapa foi crucial pela falta de chances criadas pelo Inter, obviamente, alem de estar com 10 em campo. Afobação, somadas a inferioridade numérica, time desentrosado, tiveram como resultado, apenas TRÊS chutes, sendo um deles gol e dois sequer no alvo – gol.

Passes laterais, recuo a Victor, este foi a cara do time mineiro no segundo tempo. Mesmo que, adiantando seus jogadores, passes com certo risco sequer eram especulados. Acredito que Cuca pediu a seus jogadores para deixarem o Inter se jogar a frente, pois o time mineiro espreitava contra-ataques as costas do lateral Edson Ratinho. Obviamente com Bernard, o destaque da noite.

O gol saiu, alias, dois em sequencia. Primeiro com Atlético definindo 2x0 com Léo Silva ao melhor estilo Van Basten. E, logo após, Fred cabeceando entre zagueiros após cruzamento vindo da esquerda.

Mike entrou no lugar de Otavio, mas pouco acrescentou.

O 2x1 deu sobrevida ao Inter. Os jogadores passaram a acreditar que era possível o empate. Jajá crescia no jogo caindo às costas de Pierre. A vitoria pessoal do meia colorado era evidente, Pierre, extenuado, marcava de longe e, com amarelo, ficava receado a desarmar. Cuca mexeu e. em menos de três minutos, pôs em campo Felipe Soutto no lugar de Pierre e Escudero no lugar de Danilinho. As mudanças jogaram o Atlético a frente, pudera, estava com um a meias. O 4-2-3-1 tomou ainda mais forma, agora com Escudero pela esquerda e Bernard pela direita.

Diagrama tático. Inter no 4-2-2-0 ou 4-2-3-0. Atlético no 4-2-3-1 ainda mais incisivo com Escudero.

A pá de cal, o ultimo prego do caixão. O cansaço imperava no Internacional. As pernas pesadas, o tudo ou nada, estava na cara, só um cego não poderia ver. O gol mineiro era questão de momento, um contra-ataque bem encaixado e tudo estava acabado. Para infelicidade mineira, o gol só saiu aos 47 do segundo tempo após belo contra-ataque tramado por Bernard e finalizado por Escudero. O placar estava consolidado, 3x1 justíssimo.

Atlético Mineiro de Cuca cada vez mais líder. Internacional de Dorival entrando em crise. Treinadores e clubes vivem momentos distintos, mas um frase de Cuca cabe perfeitamente a Dorival:

- Dor de cabeça é não ter jogador - diz Cuca. Frase que reflete o atual momento de Dorival.

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Como Pep se tornou Guardiola – Esmero e obsessão



Texto sensacional publicado na Folha Ilustrada sobre o grande treinador do Barcelona Pepe Guardiola. Sua história e como a obsessão pelo futebol bonito começou. Vale a pena cada linha.
ALEXANDRE GONZALEZ
TRADUÇÃO SOPHIE BERNARD
ILUSTRAÇÃO MARCELO COMPARINI
RESUMO
Símbolo do Barcelona por uma década, Josep Guardiola pendurou as chuteiras em 2006 com o projeto de ser treinador. Ao contrário da maioria dos ex-jogadores que trilham esse caminho, foi estudar e buscar as lições de seus mentores. Propondo um futebol mais de razão que de resultados, Pep já conquistou 13 dos 16 títulos que disputou como técnico do Barça.
“Meu pai diz que preciso me reconverter. Pergunta o que quero fazer da vida. Não sei o que dizer; talvez que não vá fazer nada. Mas ele insiste, quer que eu me mexa, para não passar a imagem de preguiçoso. Mas, pai, talvez eu não faça nada mesmo da vida…”
Em 2 de agosto de 2006, Josep Guardiola deu uma de suas últimas entrevistas. Poucas semanas antes, ainda jogava no desconhecido Dorados de Sinaloa, time mexicano cujo nome soa mais como uma franquia de beisebol de segunda divisão do que como um clube de futebol profissional.
O fim de carreira do meia catalão não foi à sua altura e, em suas palavras, sua reconversão também não parece lá muito bem encaminhada. Mas, atrás do discurso depressivo, o que Guardiola não diz é que passou o verão em Madri. E que sabe exatamente para onde vai.
DIPLOMA
O mês de julho de 2006 é intenso para o ex-capitão do Barça. Todo dia, ele vai até o subúrbio de La Rosas, rumo à Ciudad del Fútbol, na capital da Espanha. Lá, acompanha aulas com assiduidade, preparando-se para se diplomar treinador. O aluno é aplicado e talentoso.
“A escola nacional de futebol espanhola não tem ranking de classificação para os diplomados, mas posso dizer tranquilamente que Guardiola estava entre os três melhores da classe”, lembra Oscar Callejo, secretário da escola.
Com o diploma em mãos, Guardiola não se dá por satisfeito. Para completar a formação, aconselha-se com treinadores que admira.
“Ele ligou para mim e para um monte de outros treinadores. Hoje parece coisa de doido: ligar para falar de jogo, analisar, descascar. Ele tem uma sede insaciável de debater. Eu sabia quando começavam as conversas com ele, mas nunca quando iam terminar”, diz o técnico argentino Angel Cappa.
Ex-adjunto de César Luis Menotti e depois de Jorge Valdano no Real Madrid, treinador do Huracan e do River Plate -foi quem descobriu Javier Pastore-, Cappa foi para a casa de Guardiola em Barcelona no final de 2006. “Não sei se ele já pensava em ser treinador, mas para mim era óbvio. É raro um jogador querer tanto colocar um jogo numa mesa de dissecação.”
LA VOLPE
Obsessivo e perfeccionista, Pep lista os técnicos com quem os quais gostaria de conversar. O primeiro é um argentino de bigode ameaçador, desconhecido na Europa, Ricardo La Volpe.
Na Copa do Mundo de 2006, Guardiola escreveu no jornal “El País”, e suas análises dos jogos e reflexões sobre futebol deixaram muita gente desconcertada. Só uma seleção agrada ao catalão. Não é a Alemanha de Jürgen Klinsmann, nem a Itália de Marcello Lippi, mas o México de La Volpe.
Ele escreveu: “Johan Cruyff dizia: o mais importante no futebol é que os melhores jogadores sejam os zagueiros. Se você sai com a bola, consegue jogar; se não, não faz nada. Johan diz que a bola equilibra um time. Se perde a bola, o time se desequilibra; se perde pouco, consegue manter o equilíbrio. La Volpe decidiu que sua defesa saísse jogando, e não que começasse jogando, o que é diferente.
“Para La Volpe, começar a jogar é tocar a bola entre os zagueiros, sem maiores intenções. Mas La Volpe os obriga a fazer outra coisa. Ele os obriga a sair jogando, obriga os jogadores e a bola a avançarem juntos e ao mesmo tempo. Soube que, nos treinos, La Volpe pede aos zagueiros que corram com a bola por 30 minutos sem parar. Se alguém faz um passe errado, se o campo não é usado em toda a sua extensão, se um passe não é dado para o goleiro como manda o jogo, ele pede para recomeçar do zero.
“Ele corrige, grita, e tudo recomeça. Uma vez, depois outra. Cem vezes, se for preciso. E ver seu México jogar é fantástico.”
Nem mais nem menos do que uma declaração de amor.
Mesmo que isso não agrade a Guardiola e ao seu romantismo, La Volpe foi demitido após ser eliminado nas oitavas de final, apesar de os mexicanos terem dominado a Argentina durante todo o jogo; o futebol só vive de vitórias.
Pouco acostumado a falar com a imprensa, La Volpe declarou: “Sei que Guardiola mencionou meu nome várias vezes, dizendo que fui um dos que mais o influenciaram. Talvez se inspirasse em mim nas triangulações ao chegar à área adversária. E disseram que dedicou a mim a Liga dos Campeões de 2009 [Barcelona 2 x 0 Manchester United], mas ele nunca me disse isso.
“Acho que seguimos o mesmo caminho. Gostamos de tomar a iniciativa do jogo, que o jogador assuma a responsabilidade de conduzi-lo. É assim que se faz bom futebol. Ele faz isso e ainda vence. Alguns de nós foram criticados por tentar e não vencer, é a regra do jogo”.
La Volpe seria demitido do Boca Juniors (2006), do Vélez Sarsfield (2007), do Monterrey (2008) e da seleção da Costa Rica (2011). Apaixonado pelo método argentino, como mostram suas relações com Cappa e La Volpe, por fim Guardiola atravessa o Atlântico.
Aproveitou uma viagem a trabalho de seu amigo David Tureba, cineasta e escritor, para voar a Buenos Aires. Era outubro de 2006.
ARGENTINA
Na capital argentina, Pep deixou sua bagagem num hotel do bairro de Palermo. A primeira visita que fez não foi a um treinador, mas a um nerd louro, um Mark Zuckerberg argentino, de cabelo comprido. Matias Manna é o criador do blog Paradigma Guardiola (paradigmaguardiola.blogspot.com). Ele analisa, com vídeos, pausas e reflexões perspicazes, o futebol de Pep.
“Desde 2005, vou decifrando a maneira de pensar e as convicções futebolísticas de Guardiola”, diz Manna. Ele conta como começou sua amizade com o atual treinador do Barcelona: “Eu o contatei por e-mail e ele respondeu. Sempre se mostrou aberto. Um dia, disse que estava vindo à Argentina e propôs um encontro. Passamos um dia juntos. Falamos muito de futebol.
“Dei a ele o livro ‘Lo Suficientemente Loco’, uma biografia de Marcelo Bielsa. Ele me agradeceu e foi deixar as malas no quarto. Quando desceu, minutos depois, citou quatro ou cinco conceitos de jogo que estavam no livro. Isto é: no elevador, voltando do quarto, já tinha entendido a essência.”
No dia seguinte, Guardiola decidiu assistir a um River-Boca, no Monumental de Nuñez. Seu ex-colega no Dorados Angel “Matute” Morales, conseguiu um ingresso para ele. Pep se misturou à multidão e, na fila para entrar, foi parado por seguranças. “Não o reconheceram”, conta Morales. “Foi revistado como qualquer um, mas não disse uma palavra, não protestou.”
Seu caminho o levou a César Luis Menotti, técnico campeão do mundo em 1978 e técnico do “seu” Barça na temporada 1983-84.
Como um velho sábio, Menotti recebeu aquele que, por enquanto, era só um jovem aposentado do futebol. O encontro aconteceu num restaurante do bairro de Belgrano, em meio a uma nuvem de fumaça de cigarro e cheiro de uísque.
“Quando Pep me procurou, algo já o distinguia: ele tinha ideias claras. Não chegou como outros, que queriam que eu desse o caminho, como se fosse o Messias. Ele já sabia. Então disse a ele: ‘Quer ser treinador? Não tenha dúvidas, vá fundo. Seja treinador, e assim as críticas serão mais bem divididas, não vão mais ser só para mim’.”
Guardiola deixou-se seduzir e também tranquilizar pelo discurso radical do mentor de Maradona. O terceiro e último encontro irá confortá-lo ainda mais na sua decisão.
EREMITA
Maximo Paz, província de Santa Fe. Josep Guardiola marcou um encontro com o eremita do futebol argentino, “el loco” Marcelo Bielsa. Então afastado do futebol desde 2004, Bielsa vivia confinado em casa, sem dar sinais de vida.
Guardiola conseguiu o encontro graças a Lorenzo Buenaventura, seu treinador pessoal quando jogava na Itália e ex-adjunto de Luis Bonini, o braço direito de Bielsa. Hoje, Buenaventura é o preparador físico do Barcelona. A fascinação de Guardiola por Bielsa data da Copa do Mundo asiática de 2002, quando “el loco” treinava a seleção argentina.
Na época, Guardiola declarou: “Para mim, o time mais interessante do torneio é a Argentina, mesmo que não tenha passado da primeira fase. Jogou muito bem, apesar de vivermos num mundo onde, se você ganha, é bom, mesmo que não tenha ficado com a bola; e, se você perde, não importa se tentou, se teve a bola, se o time estava organizado e se tinha apostado no 3-4-3, como Bielsa fez. Você perde e é um fiasco. Vejo isso de outra forma.”
Por 12 horas, em volta de um “asado” (churrasco argentino), os dois conversaram, assistiram a trechos de jogos, debateram, brigaram, se reconciliaram e recomeçaram. Um tema, ou melhor, um homem os une acima de tudo: Louis van Gaal.
O técnico holandês é o único europeu que Bielsa já tomou como exemplo: “O modelo estrangeiro que mais me agrada é o do Ajax de Van Gaal. Ele tem um time flexível para compor suas linhas conforme as exigências do adversário na hora de recuperar a bola. O que interessa é que o time tenha um projeto de jogo próprio nos momentos ofensivos. Calculei que o Ajax dava uma média de 37 passes para trás. O torcedor via isso como recusa a jogar, mas esse passe para trás era o início de um novo ataque.”
No seu livro “Mi Gente, Mi Fútbol” (2001), Guardiola diz o mesmo de seu treinador: “Poucos times me seduziram tanto quanto o do Ajax de Van Gaal, com sua facilidade para criar o jogo da defesa, a velocidade dos jogadores das laterais e seu modo de passar a bola. Aquele Ajax conseguia resolver de maneira fantástica todos os ‘um contra um’ de um jogo. No ataque e na defesa. Assumiam todos os riscos que um time pode correr.
“Aquele Ajax tinha algo que me surpreendia, espantava, maravilhava. A disciplina do posicionamento. A posse de bola como ideia de base. O jogo constantemente sustentado. Os movimentos de dois toques… E eles faziam isso de forma tão simples quanto sublime. O Ajax de Van Gaal dava aulas de futebol aos que conheciam perfeitamente o jogo.”
‘SANGUE’
Nutrido pelo futebol total de Johan Cruyff, Guardiola consegue, acima de tudo, aplicar maravilhosamente bem os preceitos de Bielsa. “Procuro ocupar as laterais, porque a maioria das situações perigosas vem delas. O contrário significa centralizar o jogo. Qualquer estudo revela que 50% dos gols finalizados vêm das laterais. Se um treinador quer que o time domine o jogo, deve posicionar no mínimo dois jogadores por setor. Nunca posiciono os jogadores com o intuito de atacar usando o contra-ataque.
“Para mim, trata-se, antes de mais nada, de uma questão de posse de bola. Se der para ficar com ela, por que devolvê-la? Não preparo um time para esperar. Um grande time não é condicionado pelo rival. O fundamental é ocupar direito o campo, ter um time curto, com uma linha de defesa e uma de ataque separadas por no máximo 25 metros, e que nenhum zagueiro esteja ocupado marcando um adversário que não existe.”
Tocado pela sinceridade quase ingênua de Guardiola, Bielsa perguntou: “Você, que conhece toda a sujeira do mundo do futebol, o alto grau de desonestidade de certas pessoas, por que quer tanto voltar e treinar jogadores? Gosta tanto desse sangue?”. Guardiola respondeu: “Preciso desse sangue”.
O fato é que o catalão vai usar outro método de Bielsa, o de não entregar nada à imprensa. Recluso no seu silêncio há mais de uma década, o argentino havia justificado assim sua vontade de não falar: “Por que eu deveria dar entrevista a um jornalista poderoso e negá-la a um repórter do interior? Por que deveria participar de um programa que tem picos de audiência toda vez que apareço e não me deslocar até uma pequeno rádio local? Qual a lógica? Meu interesse?”.
Guardiola se apoderou da fórmula. Depois de virar treinador do Barça, não deu mais nenhuma entrevista individual. Só vai às coletivas obrigatórias do clube.
JOGO BONITO
Pep voltou à Espanha está seguro de si como nunca. Dias depois de deixar a Argentina, em 22 de outubro de 2006, declarou ao jornal “Marca”: “Por que não poderíamos ter treinadores que defendam o jogo bonito? Converso com muitos treinadores: ‘Como é esse jogador? Como faz aquele?’. Mas não tem receita. No futebol, ganha-se com estilos muito diferentes. Precisamos fazer as coisas como as sentimos. É a partir da bola que se constrói um time.”
Em 2006, Josep Guardiola tinha 35 anos, tinha ideias, mas continuava desempregado. “Seu” clube, embora fosse campeão europeu, estava desabando. Contagiado pela suficiência, o Barça de Frank Rijkaard vivia suas últimas horas de glória. Txiki Begiristain, diretor esportivo do Barcelona e braço direito de Joan Laporta, logo foi consultado por alguns dirigentes, sabendo das intenções de Guardiola.
Begiristain então decidiu, para que seu ex-colega se acostumasse, confiar a ele a direção da categoria de base e dar a Luís Enrique o Barça B. Desapontado, mas leal a seu clube de sempre, Pep aceitou. Só pediu um último encontro com Begiristain. “Pep me falou sobre sua vontade de treinar. Entendi que era o momento dele”, diz o ex-diretor dos esportes do Barça.
Em 21 de junho de 2007, seis meses depois da viagem à Argentina, Guardiola foi nomeado treinador do Barça B, que estava na terceira divisão do campeonato espanhol.
Munido de princípios e teorias, foi confrontado pela primeira vez com a realidade da vida de treinador. Alertado por amigos sobre as dificuldades das divisões inferiores, o primeiro trabalho do técnico “blau-grana” (azul e grená) consistiu na seleção de um grupo.
Ele tinha poucos dias para reduzir o número de jogadores de 50 a 23, destruindo o sonho de vários. As primeiras dúvidas surgiram logo no primeiro jogo, que acabou… em derrota. Guardiola se empenhou, construiu um time no qual um certo Sergio Busquets se impôs no meio do campo; no qual, na ponta direita, Pedro Rodriguez oferecia seu jogo feito de percussões.
Dois meses após o início do campeonato, Guardiola resumiu: “Ser treinador é fascinante. É por isso que os treinadores acham tão difícil parar. O trabalho traz uma sensação permanente de excitação, de que o cérebro gira o tempo todo a cem por hora. Começar na terceira divisão me tornará um treinador melhor, se um dia eu ocupar o banco de um profissional. Hoje sou melhor que dois meses atrás.
“Nunca tinha sido confrontado com 25 caras esperando que eu dissesse algo. Hoje posso ficar tranquilo na frente deles. Antes, no intervalo, não sabia o que dizer.”
NÚMERO UM
Guardiola sabia as palavras certas, seu time venceu o campeonato e o Barça B subiu para a segunda divisão.
Ao mesmo tempo, no andar de cima, Rijkaard deixou escapar para o Real, pela segunda vez seguida, uma liga que estava na mão. Laporta entendia que o holandês não tinha mais autoridade sobre um grupo dominado pelos egos de Ronaldinho Gaúcho e Samuel Eto’o. Começou então uma disputa de poder nos bastidores do Camp Nou entre os conselheiros do presidente.
Laporta conta: “Minha ideia era que Johan [Cruyff] treinasse o time, tendo Pep como adjunto, e que, na temporada seguinte, ele virasse o número um. Johan não disse nada. Eu o conheço, sei que toma decisões rápido. Por fim, ele me disse que deveríamos nomear Pep logo. Txiki concordava: ‘Guardiola está pronto para ser treinador do primeiro time’. Propus essa solução numa reunião. Alguns eram a favor, outros queriam Mourinho. Falei: ‘Mourinho não, vai ser o Pep’.”
Em 8 de maio de 2008, menos de dois anos depois de receber o diploma de treinador, Guardiola foi nomeado técnico do time do qual fora capitão e símbolo por cerca de dez anos. Sua primeira medida foi impor o afastamento das três estrelas: Ronaldinho, Deco e Eto’o.
Os dois primeiros aceitaram; o camaronês ganhou uma temporada de descanso. No primeiro treino, Pep se dirigiu aos jogadores: “Não vou prometer que vamos ganhar títulos. Vamos tentar. Mas apertem bem os cintos, porque vocês vão passar ótimos momentos.”
Pep acabava de se tornar Guardiola.

Publicado originalmente na revista francesa “So Foot”. Colaboraram Javier Prieto Santos e Aquiles Furlone, de Buenos Aires.

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